Yu-Gi-Oh! RED - Capítulo 8: A guardiã de almas


VIII

Dylan
- Onde... Eu estou...? – Ao abrir os olhos lentamente, Dylan, que estava deitado no chão, via um céu avermelhado e escutava ruídos por todos os lados. – Mas o quê?!
Ele se levanta rapidamente, estava ao lado de sua D-Wheel, num tipo de morro, de onde a cidade era visível, porém, ela já não era mais a mesma. Tudo estava vermelho e sombrio. Em vez de prédios, havia centenas de pirâmides negras por todo lugar, com criaturas estranhas sobrevoando entre elas. – Isso não é 2023... – Ele pensa.
- É isso que o mundo vai se tornar... – Dylan estremece e entra em fúria, ativando o seu poder. – POR QUE FEZ ISSO?! – Ele grita, olhando para o céu, com seus olhos já azuis e brilhando. – EU NÃO COMPLETEI MINHA MISSÃO! O QUE ACONTECEU?!
Acalme-se. – Disse a voz de um homem em sua mente.
- ME ACALMAR?! EM QUE ANO EU ESTOU?! POR QUE ESTOU AQUI?! NÃO FOI O QUE COMBINAMOS!
Não foi obra minha, Dylan. Eu avisei das possíveis consequências, ELE interferiu...
- Mas ele não tem poder suficiente pra isso! – Dylan se acalma um pouco, porém, continua olhando para o céu e falando num tom alto.
ELE está fraco, assim como eu, porém... – A voz continua. – NÓS ainda podemos fazer certas coisas com NOSSO poder. Mas isso só nos enfraquece. Você ainda tem outra chance... Eu já gastei tudo que eu tinha com isso... Essa é a nossa oportunidade...
- Você sabia que ele iria fazer isso, não é? – A voz não responde, mas Dylan logo entende. – Certo. Eu vou continuar minha missão... – Ele anda até sua D-Wheel e coloca o capacete. – Só me responde uma coisa... Se isso der certo, se ELE... Se você conseguir detê-lo... – O garoto suspira. – Eu vou ter minha família de novo? Eu vou ter... meu mundo... do jeito que ele deveria ser? – Ele olha novamente para a cidade escura antes de sentar na D-Wheel.
Não posso prometer nada, Dylan... Mas vou tentar de tudo. Só precisa completar sua missão...
- Eu irei. – Dylan liga a moto, acelerando, ainda com seu poder ativado. – Me dê sua força mais uma vez!
Ele passa pelo morro e chega até a pista para a cidade, indo em alta velocidade. Coisas passavam por ele rapidamente, mas apenas prestava atenção nos monstros e na destruição. A cidade havia virado um inferno, mas ele não se importava com aquilo. Sentia que estava sendo seguido por algo, mas também não se importou, pois sabia que sairia dali com o vento batendo em seu rosto e se tornando um só com sua D-Wheel. Tudo parecia calmo, tudo parecia perfeito e tudo ocorria lentamente em sua visão... E ele só precisava dizer uma coisa naquele momento.
CLEAR MIND! – Então tudo começa a ficar branco e iluminado em sua volta. Era a hora de voltar para o passado.
Naty
- Damon está vindo– Disse o olho gigante que estava preso na parede.
- E a esfera? – Naty pergunta, penteando o cabelo azul de sua boneca, no seu colo.
- Está com ele. – A criatura olhava fixamente para a garota.
- Certo. – Ela para de pentear e ouve passos no corredor.
Naty e seu amigo, Gerty, o olho gigante, estavam em seu quarto pequeno e rosa. A criatura tinha um metro de largura e sessenta centímetros de altura. A garotinha estava sentada na cama e vestia uma camisola branca que ia até seus pés. Seu cabelo era preto, longo e liso, seus enormes olhos eram castanhos, e transmitia um ar sombrio, pois eram gélidos. Havia bonecas espalhadas pelo local, algumas desmembradas e outras despedaçadas.
- Oi. – Damon abriu a porta do quarto e colocou a cabeça pra dentro, com um sorriso bem largo. – Saudades de mim? – Ele entra no quarto e se senta numa cadeira de balanço que ficava de frente para a cama onde Naty estava.
- Você demorou. – A menina encarava o homem que se balançava na cadeira em sua frente. – Onde está?
- Ele está aqui – Damon tira a esfera negra do bolso e joga para a garota – Quantas faltam?
- Cinco. Estamos quase lá. – Naty pega a esfera e a esconde na palma de sua mão. – O que você fez no restaurante foi desnecessário. – Ela continuava o encarando.
- Que foi? Não gostou do meu show? – Damon ri e se levanta. Fica andando de um lado para o outro no quarto. – E aquela... A garota dos olhos vermelhos. Como ela se chama mesmo? – Ele coloca uma mão na testa, tentando se lembrar do nome dela.
- Yumi.
- Isso! Yumi! – O homem para de andar e fica de frente para Naty. – Tem certeza de que não quer que eu cuide disso?
- Não. Não devemos perder tempo com ela. Ele só pediu para que descobríssemos quem é o motoqueiro. – A menina continuava olhando para Damon, sem piscar e sem demonstrar nenhuma expressão. – E você não conseguiu, não é?
- Nop. Não consegui acha-lo. – Ele lamenta, deixando uma mão na cintura. – Mudando de assunto, por quanto tempo pretende continuar neste quarto? Gerty deve ser um ótimo amigo. – Damon olha para o olho gigante e sorri.
- Devo proteger a sala das almas, você sabe disso. – A menina fita o chão.
- Que besteira, você deveria sair mais. Não se diverte faz um bom tempo. – Ele vai até ela. – Não sente saudades... de sorrir? De ser criança novamente? – O homem chega na frente da garota e se abaixa, colocando uma mão em seu rosto. – Ninguém deveria prender seus próprios filhos em casa...
Damon abre um sorriso bastante largo e medonho e, neste momento, os olhos de Naty mudam de cor, virando um amarelo brilhante. O homem fica sério na mesma hora, deixando seus olhos mudarem de cor também, virando um roxo sombrio. Mas ele é atingido por uma enorme boneca que apareceu ao seu lado, do nada, o soco da medonha boneca de pano o jogou para o armário de Naty, o quebrando no impacto e destruindo parte da parede também.
- Hehe... – Damon se levanta cambaleando e limpando o sangue que descia pelo seu nariz. – Foi um ótimo golpe! Vamos, continue! Entretenha-me! – Ele abre os braços, junto com um enorme sorriso, olhando para a menina que não fazia nada além de encará-lo.
- Pare com isso, Damon. – Disse Gerty – Vão acabar destruindo a sala das almas dessa forma.
- Tá bom, tá bom... Só quis animá-la um pouco. – Damon sorri e vai até a porta, abrindo-a e olhando para trás em seguida. – Cuide-se... E aproveite todo esse tempinho que você tem. Pois quando a escuridão chegar, tudo irá mudar. – Ele abre novamente um sorriso largo. – E eu irei dilacerar todos aqueles que se atreverem a ficar no nosso caminho.
Damon sai do quarto, deixando Naty e Gerty em silêncio por um bom tempo, até a garota se levantar e andar até a parede atrás dela. Nesse momento a parede se abre como uma porta e, lá dentro, havia uma sala escura com uma grande espiral roxa no meio. Suas curvas eram formadas de esferas negras, iguais a que a Naty segurava. Ela só vai até lá e junta a sua esfera com as outras.
- Falta pouco. – Naty diz em seguida.

Yumi
Dois meses depois.
Yumi estava do lado de fora do estádio de duelos de Critias com Annie, Doni, Kael e o irmão menor de Annie, Dylan. Faltava mais ou menos uma hora para a segunda parte do torneio começar.
- Não sei como o convenceu a vir, Yumi. – Annie erguia uma sobrancelha e olhava para o seu irmão. – Ele é tão teimoso.
- Nossa, o ÚNICO teimoso da família! – Doni diz, mas recebe um soco de Annie no ombro em seguida.
- Ela disse que iria nos mostrar o seu monstro mais forte. – Dylan fala, olhando pra Yumi. – Eu não poderia perder isso. – Ele sorri.
- Ah, é? – Kael cruza os braços. – Estou curioso. Quero que o invoque no nosso duelo, na final. – Ele sorri de canto.
- Ei! Não seja convencido! – Annie coloca seu dedo indicador na ponta do nariz de Kael. – Eu e Doni somos fortes, também! Tome cuidado!
- Por que está colocando o dedo no nariz dele? Qual é o seu problema? – Doni fala e, novamente, é respondido com um soco no ombro.
Yumi apenas ria de toda aquela confusão, em silêncio. Kael se posicionou na frente do grupo e entrou no estádio, com os outros o seguindo até chegarem ao primeiro hall. Lá havia um homem terno preto em pé, encostado na parede e em silêncio. Seu cabelo e seus olhos eram cinzas e ele parecia bem sério. Havia também um grande telão e uma mesa de vidro em frente com várias cartas e discos de duelo em cima.
- O que faz aqui? – Disse o rapaz de preto ao olhar para Kael.
- Leo. Quanto tempo. – Kael sorri. – Não participou do torneio ano passado, por quê?
- Preciso responder? – Leo o encara ainda sério e fecha os olhos em seguida. – Depois da vergonha que me fez passar, há dois anos atrás... – Ele abre os olhos, com uma expressão de ódio no rosto. – Eu já estou pronto para tirar você de vez do trono, Rei dos Jogos.
- É mesmo? Estou ansioso.
- Você acha mesmo que irá permanecer invicto, Kael? – Disse uma mulher, que vinha do corredor, ela vestia um casaco bege que ia até sua coxa, com shorts desta mesma cor. Por trás das lentes dos óculos, havia um par de olhos azuis gelo, intimidadores e sérios. Seu cabelo era laranja, e sua pele pálida. Em seu rosto, nem sequer uma expressão.
- Elena. Parabéns por ter se classificado pra semifinal.
- Eu não iria perder a oportunidade de te dar o troco.
- É verdade, vocês dois se classificaram, ontem. – Disse Doni. – Você tem ótimos combos, moça.
A mulher olha para Doni e os outros, de baixo para cima, sem demonstrar nenhum interesse.
- Quem são vocês? – Elena pergunta.
- Estamos participando do torneio. – Yumi fala, encarando a mulher.
- Kael trazendo peões para o torneio? Que decadência... – Leo fala, sorrindo de canto – Isso mostra como o seureinado é ridículo.
- Como é?! – Doni se irrita. – Quem você pensa que é pra falar isso de mim e dos meus amigos?!
- Calma, calma... – Kael põe uma mão no ombro do rapaz – Ele só quer mexer com seu psicológico. Faz parte do jogo.
- Jogo? – O homem ri – Eu só estou dizendo a verdade. Vocês não passam de lixo.
- Seu filho da...
Doni parte pra cima do homem, mas é impedido por Kael, que o segura pelos braços. Yumi se mete na frente dele e do homem que ainda não havia movido sequer um dedo.
- Não sei o que aconteceu no passado. – Yumi fala. – Não sei o que pretende ganhar com tudo isso, mas... – Ela vai até o rapaz, que ainda estava encostado na parede, e estende uma mão. – Espero que possamos nos divertir nesse torneio e, no final, nos entendermos. – A garota sorri.
O homem a encara por um bom tempo e se desgruda da parede, ignorando Yumi e indo até o sofá.
- Não vim aqui para me divertir. Só vim resolver alguns problemas pessoais com o Kael.
- É uma pena... – Yumi se vira e olha para ele. – Uma pena que você tenha que negar. Vencer duelos sempre é bom, mas... se vencer demais... – Ela olha para Kael. – Tudo fica menos interessante.
- Está falando besteira...
- O que eu quero dizer é que você pode se divertir mesmo perdendo. – Ela continua. – É daí que vem sua motivação. Não vai desistir até conseguir o que quer, não é mesmo? Então, até lá, aproveite e divirta-se.
Todos ficam em silêncio por um bom tempo até que Elena resolve se manifestar.
- De qualquer forma... Este é um torneio grande. – Elena vai até Kael e o abraça delicadamente, acariciando seu cabelo enquanto isso – E eu irei dar o troco, Rei dos Jogos... – Ela sussurra em seu ouvido – Você me humilhou na final do ano passado... E agora os papéis vão se inverter. – A mulher sorri e olha para Yumi que a observava friamente.
- Então será muito interessante. – Kael afasta a garota e sorri. – Espero que seja um grande duelo.
- Eu também. – Elena se afasta e se vira, indo em direção à saída. – Irei ver os duelos desse povinho. – Ela para Leo, que inda estava sentado de frente pra TV desligada, sem dizer nada. – Te vejo na final. – Então abre a porta e sai do local.
- Bom... – Kael se vira para o pessoal – Essa é Elena, uma das favoritas ao título junto com o Leo.
- Amei esses dois. – Disse Doni.
- Vai amar mesmo quando eu derrotar todos vocês. – Leo fala, se levantando e saindo do local.
- Esse cara... – Doni suspira e olha para Annie, que estava ao seu lado. – Por que você ficou tão quieta?
- Eu... Não sei. – Annie olha para ele e sorri. – Vamos. Não quero perder a abertura.
Confiantes, todos seguiram para a arquibancada. Faltava pouco para começar a segunda parte do torneio, onde Doni iria enfrentar seu futuro e maior nêmesis, Leo Andreas.

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